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Sumário
ToggleSobre o estudo bíblico do livro de João
O estudo do Evangelho de João tem como objetivo apresentar uma visão abrangente de suas passagens, explorando seu contexto histórico, cultural e doutrinário. Cada capítulo será analisado versículo por versículo, utilizando diversas traduções da Bíblia para oferecer um entendimento mais profundo e acessível.
Neste estudo, vamos destacar:
- O significado de algumas palavras no contexto original.
- A relação de João com os outros evangelhos.
- O impacto da mensagem de João na teologia cristã.
- Como essa mensagem se aplica à nossa vida hoje.
Introdução
O primeiro capítulo do Evangelho de João apresenta Jesus como o Verbo eterno que estava com Deus desde o princípio e que se fez carne para habitar entre nós.
Diferente dos evangelhos sinóticos, João começa destacando a identidade divina do Messias antes de relatar eventos históricos.
Tema central:
- A divindade do Messias e sua encarnação.
Principais personagens:
- Jesus;
- João Batista.
Lições principais:
- O Verbo existia desde o princípio, e Ele é Deus;
- Jesus é a luz do mundo
Principais versículos:
- João 1:1 – “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.”
- João 1:14 – “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós.”
Capítulo 1: O verbo se fez carne e habitou entre nós
Evangelho João
O Verbo se fez carne (João 1:1-6)
1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. 2Aquele que é a Palavra estava com Deus no princípio.
3Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. 4Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. 5A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram.
Comentário (João 1:1-18):
O verbo é a Palavra de Deus. Foi por meio da Palavra que Deus criou todas as coisas. Jesus é o verbo, é o logos como os gregos costumavam dizer quando se tratava de razão, lógica, princípio universal das coisas, força divina e etc. Quando o universo foi construído, Jesus – o Filho, já estava com Deus. Tudo foi feito para Ele, e por meio dele a vida foi criada. A luz de Jesus brilhou na humanidade, pois ele foi o molde para toda a criação. As trevas não prevalecem sobre a luz.
João Batista: O precursor do Messias (João 1:6-8)
6Surgiu um homem enviado por Deus, chamado João. 7Ele veio como testemunha para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. 8Ele próprio não era a luz, mas veio como testemunha da luz.
Comentário (João 1:6-8):
João, o batista, foi o antecessor de Jesus na história. Por meio dele, as pessoas eram batizadas por imersão nas águas para perdão dos pecados. João veio para dar testemunho de Jesus e honrar a profecia de Isaías.
“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor!”
Isaías 40:3.
A verdadeira luz e os filhos de Deus (João 1:9-13)
A verdadeira luz, que ilumina a todos, veio ao mundo. Embora o mundo tenha sido feito por meio dele, não o reconheceu. Aqueles que o receberam e creram em seu nome, Jesus deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, nascidos de Deus.
Comentário (João 1:9-13):
Jesus é a verdadeira luz que ilumina os homens. Todo ser humano que vem ao mundo carrega essa luz. Da mesma forma, Jesus veio para trazer luz ao mundo.
O mundo no contexto bíblico e judaico está sempre relacionado ao sistema maligno de satanás, que rege o poder das trevas, ele é o que a Bíblia chama de acusador. Quanto à este mundo, será vencido por Jesus, e para João, o autor do livro, o mundo novo moldado nos céus abrigará os escolhidos de Deus, aqueles que gozarão da vida Eterna. Um dia, este será nosso mundo.
João deixa claro que não basta ser descendente de Abraão para ser filho de Deus, mas é necessário nascer de Deus. Esse novo nascimento será mais tarde explicado por Jesus a Nicodemos (João 3).
O Verbo encarnado (João 1:14-18)
O Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade. João Batista testemunhou sobre ele, afirmando sua preexistência.
De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça. A Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
Revelação de Deus: Ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho unigênito, que está junto ao Pai, o revelou.
Comentário (João 1:14-18):
O verbo é a Palavra, e a Palavra é Deus. A carne significa a humanidade em sua condição de fraqueza e de mortalidade. Jesus assumiu todas as nossas fraquezas, inclusive a morte. A graça que significa “bondade de Deus” e é concedida por Deus de forma espontânea e sem nosso merecimento, desta forma é um presente de Deus.
Dentro do contexto de João, ninguém próximo havia visto Deus, por isso ele afirma que Jesus tornou Deus conhecido entre eles. Sabemos na história bíblica que poucas pessoas viram a Deus, Moisés falava com Deus face a face.
Por meio de Moisés a Lei de Deus foi criada e estabelecida como um padrão de vida social e pessoal.
Por meio de Jesus a graça foi estabelecida como um benefício de Deus a humanidade. Por isso, o apóstolo Paulo fala que:
A bondade de Deus (graça) basta para nós, porque o poder de Deus se aperfeiçoa em nossas fraquezas.
2 Coríntios 12:9″.
Em Efésios 2:8-9, Paulo diz:
“Porque pela bondade de Deus (graça) somos salvos, por meio da fé; e isso não vem de nós mesmos, é dom de Deus; não vem das obras humanas, para que ninguém se glorie.”
Aqui, a graça é o meio pelo qual Deus oferece a salvação aos seres humanos, não por suas obras, mas como um presente imerecido.
Testemunho de João Batista (João 1:19-34):
Quem é João?: Sacerdotes e levitas perguntam a João Batista quem ele é. Ele nega ser o Messias, Elias ou Profeta, mas identifica-se como “a voz do que clama no deserto” preparando o caminho do Senhor. João Batista explica que batiza com água, mas aquele que vem depois dele, batizará com o Espírito Santo.
Comentário (João 1:19-34):
Os judeus religiosos que vieram de Jerusalém interrogar João Batista queriam saber quem ele era. João batizava em um local chamado: Bethabara. Este local em hebraico significa: lugar de passagem. Este local é o mesmo que os israelitas cruzaram o rio Jordão liderados por Josué quando entraram na terra prometida (Josué 3:14-17).
O fato de João batizar neste local era um claro aviso aos judeus de que era necessário uma nova travessia para entrar na terra prometida e isso deveria ser acompanhado de um novo batismo. Essa preparação era para que o Messias pudesse liderar os renascidos (batizados) a uma nova perspectiva de vida.
Jesus, o Cordeiro de Deus (João 1:29-34):
João vê Jesus e declara: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Ele testemunha que viu o Espírito descer sobre Jesus e permanecer, confirmando que Jesus é o Filho de Deus.
Comentário (João 1:29-34):
João avisa antecipadamente que no meio dos judeus havia um homem (Jesus) que já preexistia antes dele (João Batista) que seria manifestado a Israel e que batizaria o povo com o Espírito Santo. Como um sinal deste evento, o Espírito de Deus repousaria sobre Ele (Jesus) e ali permaneceria. Estas foram as palavras de João, o batista, aos judeus (Israel) religiosos que vieram de Jerusalém.
Outro sentido a esclarecer sobre o repouso do Espírito sobre Jesus, está na profecia de Isaías 11:2 “Espírito do Senhor estará sobre ele e lhe dará sabedoria e conhecimento, capacidade e poder”.
João, o batista, teve a visão de Deus e viu o Espírito repousar sobre Jesus, desta forma ele soube que era o Messias. A partir daqui, a profecia de Zacarias, Jeremias, Isaías entre outros que mencionam o tempo do Messias começa e se cumprir.
Profecias sobre a vinda do Messias:
Isaías 42:1-4 – Senhor Deus diz: “Aqui está o meu servo, a quem eu fortaleço, o meu escolhido, que dá muita alegria ao meu coração. Pus nele o meu Espírito, e ele anunciará a minha vontade a todos os povos. Não gritará, não clamará, não fará discursos nas ruas. Não esmagará um galho que está quebrado, nem apagará a luz que já está fraca. Com toda a dedicação, ele anunciará a minha vontade. Não se cansará, nem desanimará, mas continuará firme até que todos aceitem a minha vontade. As nações distantes estão esperando para receber os seus ensinamentos.”
Jeremias 31:33 – Senhor Deus diz: — Está chegando o tempo em que farei uma nova aliança com o povo de Israel e com o povo de Judá. Essa aliança não será como aquela que eu fiz com os antepassados deles no dia em que os peguei pela mão e os tirei da terra do Egito. Embora eu fosse o Deus deles, eles quebraram a minha aliança. Sou eu, o Senhor, quem está falando. 33Quando esse tempo chegar, farei com o povo de Israel esta aliança: eu porei a minha lei na mente deles e no coração deles a escreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Sou eu, o Senhor, quem está falando.
Ezequiel 36:26-28 – Eu lhes darei um coração novo e porei em vocês um espírito novo. Tirarei de vocês o coração de pedra, desobediente, e lhes darei um coração bondoso, obediente. Porei o meu Espírito dentro de vocês e farei com que obedeçam às minhas leis e cumpram todos os mandamentos que lhes dei. Aí vocês viverão na terra que dei aos seus antepassados. Vocês serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
O chamado dos primeiros discípulos (João 1:35-51):
Dois dos discípulos de João, ao ouvir que Jesus é o Cordeiro de Deus, seguem Jesus. Um deles é André, irmão de Simão Pedro. Jesus os convida a ver onde ele está hospedado e eles permanecem com ele naquele dia.
Comentário (João 1:35-51):
Os homens que se tornaram discípulos seguiram Jesus e com ele ficaram. André e Simão Pedro, foram um dos primeiros discípulos retratados no livro de João. Se antes era necessário buscar a Deus com todo o coração e com toda a alma conforme Deuteronômio 4:29, agora, Deus está presente inteiramente a disposição dos que querem buscá-los. É só segui-lo.
Simão Pedro (João 1:40-42):
André encontra Simão: André conta a seu irmão Simão que encontrou o Messias (Cristo) e o leva a Jesus, que renomeia Simão como Pedro (Cefas, que significa pedra em Hebraico).
Comentário (João 1:40-42):
André, irmão de Pedro era um dos dois discípulos de João Batista, ele quem apresentou Jesus a seu irmão. Jesus deu um novo significado a Pedro por meio da troca de seu nome. Em nossa língua portuguesa não conseguimos entender profundamente o trocadilho que Jesus fez, mas o significado é este: Cefas é um nome de origem aramaica que significa “rocha” ou “pedra.” O equivalente grego desse nome é “Pedro” (Petros), que tem o mesmo significado de “pedra” ou “rocha.”
Na tradição judaica, nomes indicam identidade e propósito. Não foi diferente com Pedro. Conforme Mateus escreveu no capítulo 16:18 – Portanto, eu lhe digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. – Portanto, Pedro se tornou embaixador da igreja.
Filipe e Natanael (João 1:43-51):
Chamado de Filipe: Jesus chama Filipe para segui-lo. Filipe, por sua vez, encontra Natanael e lhe diz que encontrou aquele sobre quem Moisés e os profetas escreveram. Natanael inicialmente duvida, mas ao encontrar Jesus e ouvir suas palavras, declara que Jesus é o Filho de Deus e o Rei de Israel.
Jesus promete a Natanael que ele verá coisas maiores, incluindo os céus abertos e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.
Comentário (João 1:43-51):
Filipe foi escolhido por Jesus para ser discípulo. Após ser chamado, Filipe conta a Natanael que encontrou o Messias a quem as Escrituras mencionam. Um exemplo dessas profecias está em Deuteronômio 18:14-19, onde Deus promete levantar do próprio povo um novo profeta, semelhante a Moisés, o libertador.
Jesus, como profeta, conhece Natanael e faz uma revelação sobre ele estar debaixo de uma figueira antes de encontrá-lo. Natanael pode ter estado sob a figueira meditando, orando ou estudando as Escrituras, possivelmente pedindo a Deus pela vinda do Messias. Quando Jesus aparece e revela o que viu, Natanael pode ter reconhecido essa revelação como um sinal de que suas orações foram ouvidas, levando-o a entender e aceitar o chamado de Jesus.