Getting your Trinity Audio player ready...
|
Sumário
ToggleObjetivos do estudo bíblico
Título | Estudo Bíblico – Evangelho de Mateus |
Links: | |
Premissa | Compreender a Bíblia no contexto original judaico. |
Escrito por | Fernando Rabello – fernandorabello@estudandoabiblia.org |
Capítulo 17
A transfiguração de Jesus no monte
Seis dias após anunciar sua morte e ressurreição aos discípulos, Jesus levou Pedro e João a uma alta montanha. Lá, Ele foi transfigurado: Seu rosto brilhou como o sol, e suas vestes tornaram-se brancas como a luz. Moisés e Elias apareceram em visão aos discípulos, falando com Jesus. Pedro, impressionado, ofereceu-se para fazer três tendas para eles. Subitamente, uma nuvem luminosa os envolveu, e uma voz da nuvem proclamou: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado. Ouçam-no!” Os discípulos, assustados, caíram de rosto no chão. Mas Jesus os tocou, dizendo: “Levantem-se e não tenham medo.” Ao olharem, viram Jesus sozinho.
No relato de Mateus, as semelhanças entre Jesus e Moisés são notáveis. Assim como Moisés se transfigurou ao encontrar-se com Deus no Sinai e suas feições brilharam ao ponto de necessitar um véu, Jesus também se transfigura, com seu rosto resplandecendo e suas vestes tornando-se brancas como a neve. Moisés simboliza a Lei dada por Deus, enquanto Elias representa o ciclo profético. Ambos, figurando a Lei e os Profetas, testemunham a missão messiânica de Jesus, confirmada pela voz de Deus que declara seu prazer no Filho amado. Diante dessa visão transcendental, recebemos uma instrução divina: ouvir o Enviado, Jesus.
A nuvem e a voz divina são temas recorrentes na Bíblia Hebraica, conhecida também como Antigo Testamento, que aparecem em momentos de revelação divina e legitimação da autoridade de alguém escolhido por Deus. Aqui estão alguns paralelos notáveis:
- A Nuvem na Revelação do Sinai (Êxodo 19:9, 16-19): Quando Deus revela a Lei a Moisés no Monte Sinai, a presença divina é marcada por uma nuvem espessa. O Senhor desce na nuvem para falar com Moisés, e o povo ouve a voz de Deus, conferindo autoridade às Leis entregues.
- A Nuvem na Tenda da Congregação (Êxodo 40:34-38): Após a construção do Tabernáculo, uma nuvem cobre a tenda da congregação, e a glória do Senhor enche o Tabernáculo. A nuvem representa a presença contínua de Deus entre Seu povo durante as viagens pelo deserto.
- A Nuvem e Elias (1 Reis 18:44): Embora não envolva uma voz, a nuvem pequena que surge do mar é um sinal dado a Elias de que a chuva viria, marcando o fim de uma longa seca em Israel como resposta à oração de Elias.
- A Glória de Deus no Templo de Salomão (1 Reis 8:10-11): Quando a Arca da Aliança é trazida para o Templo durante a dedicação, uma nuvem enche o Templo, simbolizando a presença de Deus e sua aprovação da casa de adoração construída.
O aparecimento de Moisés e Elias durante a transfiguração de Jesus no Novo Testamento é simbólico:
- Moisés representa a Lei (Torá): Ele é o principal profeta do Judaísmo, que recebeu as Tábuas da Lei no Monte Sinai e as transmitiu ao povo de Israel.
- Elias representa os Profetas: Ele é um dos maiores profetas de Israel, conhecido por seus milagres e por sua luta contra a idolatria no Reino do Norte.
Ambos são figuras centrais do judaísmo e representam dois dos três principais componentes do Tanakh: a Lei (Torá) e os Profetas (Nevi’im). A sua presença na transfiguração sinaliza que Jesus é o cumprimento das Escrituras Hebraicas, unindo e transcendendo ambas as tradições. A voz que confirma Jesus como o “Filho amado” de Deus reforça a ideia de que Jesus é a autoridade suprema, a quem devemos ouvir, indo além da Lei e dos Profetas.
Ao descerem do monte, Jesus ordenou aos discípulos que não contassem a ninguém sobre a visão que tiveram, ao menos até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. Os discípulos, curiosos, questionaram por que os escribas ensinavam que Elias deveria vir primeiro para restaurar todas as coisas, conforme a profecia de Malaquias 4:5. Este trecho anuncia que Elias prepararia o caminho para uma grande reconciliação antes da chegada do Senhor, evitando uma destruição total. O intervalo entre Malaquias e Jesus, que marca pelo menos 400 anos, foi o período de espera até o cumprimento dessa promessa divina.
Jesus esclareceu que Elias já havia vindo na pessoa de João Batista, mas não foi reconhecido e sofreu às mãos daqueles que se opunham a ele, prefigurando o próprio destino de Jesus. Ao dizer que João era a representação de Elias, Jesus não falava de reencarnação, prática refutada pela doutrina judaico-cristã, mas sim que João Batista adotou o espírito e o poder de Elias em sua missão. Assim como Elias desafiou Acabe e os profetas de Baal, João desafiou Herodes e pregou o arrependimento no deserto, acabando martirizado. A figura de Simeão, que reconheceu Jesus como o Messias no Templo, contrasta fortemente com a cegueira espiritual dos escribas e destaca a capacidade de Deus de revelar Seus planos a quem tem o coração aberto, independentemente de seu status ou conhecimento.
Veja o que aconteceu:
Lucas 2:25-35
Em Jerusalém morava um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele,
e o próprio Espírito lhe tinha prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor.
Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda,
Simeão pegou o menino no colo e louvou a Deus. Ele disse:
— Agora, Senhor, cumpriste a promessa
que fizeste
e já podes deixar este teu servo
partir em paz.
Pois eu já vi com os meus próprios olhos
a tua salvação,
que preparaste na presença
de todos os povos:
uma luz para mostrar o teu caminho
a todos os que não são judeus
e para dar glória ao teu povo de Israel.
O pai e a mãe do menino ficaram admirados com o que Simeão disse a respeito dele.
Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus:
— Este menino foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente em Israel. Ele vai ser um sinal de Deus; muitas pessoas falarão contra ele,
e assim os pensamentos secretos delas serão conhecidos. E a tristeza, como uma espada afiada, cortará o seu coração, Maria.
O endemoninhado epilético
Ao descerem do monte, foram abordados por um homem desesperado que suplicava a Jesus por compaixão para com seu filho, afligido por uma possessão demoníaca que lhe causava ataques epilépticos severos. Esse espírito maligno atormentava o menino com convulsões, fazendo-o cair ao chão e espumar pela boca em episódios perturbadores. O pai do menino já havia buscado ajuda nos discípulos, mas sem sucesso, eles não conseguiram libertá-lo da opressão.
Jesus, diante da incapacidade de Seus discípulos, expressou sua frustração com a geração incrédula e tomou para Si a tarefa de curar o menino, repreendendo o demônio para que jamais o atormentasse novamente. Após a libertação do jovem, os discípulos, confusos e provavelmente desapontados, questionaram Jesus em particular sobre a razão de seu fracasso. Jesus foi claro: a ausência de fé foi o obstáculo. Ele explicou que a fé, mesmo do tamanho de um grão de mostarda, poderia realizar feitos inimagináveis, incluindo ordenar a uma montanha que se mudasse, e ela obedeceria.
Essa narrativa ressalta a importância da fé ativa não apenas para quem busca a cura, mas também para quem intercede em nome de Jesus. A fé do intercessor é crucial, especialmente quando aquele por quem se ora está incapacitado por influências malignas e sem a capacidade de crer por si próprio.
Observações:
É importante notar que, em algumas versões da Bíblia, após essa lição de fé, Jesus menciona a necessidade de oração e jejum para expulsar certos tipos de espíritos malignos. Este detalhe é mencionado especificamente no Evangelho de Marcos, enquanto em Mateus aparece como uma inserção dentro de colchetes.
Segundo anúncio sobre sua morte
No segundo anúncio sobre Sua morte, Jesus falou de forma clara e direta aos Seus discípulos, sem deixar margem para dúvidas ou interpretações equivocadas. Ele os informou que o momento de cumprir as Escrituras referentes à Sua morte e ressurreição estava próximo. Diante dessa revelação, os discípulos se entristeceram profundamente. A tristeza deles era compreensível; afinal, conviviam com Jesus todos os dias e compartilhavam com Ele uma conexão única e profunda. Imaginar que mesmo dois mil anos depois, nós podemos sentir a angústia daquele momento, dá-nos uma ideia da intensidade do luto e da confusão que os discípulos experimentaram ao ouvir tais palavras de Jesus.
O tributo para o Templo
Ao chegarem a Cafarnaum, Jesus e Seus discípulos foram abordados pelos cobradores do tributo do Templo. Este imposto era destinado a cobrir as despesas do local sagrado e deveria ser pago em didracma¹, o equivalente a dois dias de trabalho de um trabalhador comum. O coletor questiona Pedro sobre a responsabilidade de Jesus em pagar tal imposto, ao que Pedro responde afirmativamente. Mais tarde, em uma casa, Jesus inicia uma conversa com Pedro, perguntando-lhe: “Os reis da terra cobram tributos e impostos de quem? De seus próprios filhos ou de estranhos?” Pedro reconhece que os estranhos são os contribuintes, e Jesus, elucidando a situação, diz: “Então os filhos estão isentos. No entanto, para não causarmos escândalo, vá até o mar, lance o anzol e pegue o primeiro peixe que morder. Ao abrir-lhe a boca, você encontrará uma moeda. Use-a para pagar o tributo por mim e por você.”
A menção de Jesus ao pagamento do tributo aponta para uma realidade futura, onde o Templo de Jerusalém, e consequentemente a necessidade de tal imposto, não existiriam mais. Jesus prenuncia a destruição do Templo e Sua própria ressurreição como o novo e verdadeiro Templo, onde os sacrifícios não seriam mais necessários, pois Ele mesmo seria o sacrifício perfeito. A destruição física do Templo ocorreu no ano 70 pelos romanos, simbolizando o fim de uma era e o sistema religioso provisório que apontava para o Messias. Ao morrer na cruz, o véu do Templo se rasga, simbolizando o acesso direto a Deus sem intermediários. Assim, o Templo, as cerimônias e os sacrifícios passam a ter seu cumprimento final em Jesus, nosso sumo sacerdote eterno, conforme descrito no livro de Hebreus, capítulos 5 e 8, na ordem de Melquisedeque. Jesus, ao falar sobre a reconstrução do Templo em três dias, referia-se à Sua ressurreição, que os líderes religiosos da época não conseguiram compreender. A referência ao Templo e ao tributo, portanto, ultrapassa as normas humanas e revela o cumprimento profético no Messias Salvador.
Notas de rodapé:
¹ – A didracma era uma moeda de prata que equivalia a duas dracmas. Geralmente essa moeda era utilizada pelos judeus para pagar o imposto anual para o Templo . A dracma equivalia ao salário diário de um trabalhador comum, já a didracma era o dobro do valor considerando aqui dois dias de trabalho.
Fonte: O Que é Dracma e Qual Seu Significado? (estiloadoracao.com) – Acessado: 17/04/2023
Fernando Rabello (11) 9 5489-8507
fernandorabello@estudandoabiblia.org
Redes sociais
Instagram | Facebook | YouTube
Related
Discover more from Estudando a Bíblia - Ide e Pregai as Boas Novas
Subscribe to get the latest posts sent to your email.