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Sumário
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Título | Estudo Bíblico – Evangelho de Mateus |
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Premissa | Compreender a Bíblia no contexto original judaico. |
Escrito por | Fernando Rabello – fernandorabello@estudandoabiblia.org |
Capítulo 9
Cura de um paralítico
O paralítico mencionado aqui é o mesmo que entra pelo telhado, conforme descrito nos Evangelhos de Lucas 5:17 e Marcos 2:1. Mateus não oferece tantos detalhes quanto os outros dois Evangelhos. Jesus estava na cidade de Cafarnaum. Os escribas que testemunharam a cura do paralítico eram, possivelmente, aqueles que bloqueavam a entrada do doente pela porta. Entretanto, os homens que o carregavam não desistiram; buscaram outra maneira de proporcionar a cura ao seu amigo. Esses escribas encontraram uma forma de negar o reconhecimento ao Messias, alegando que Jesus ¹blasfemava contra Deus. Esse era um meio comum de ignorar seus milagres. Muitos pensavam: “Quem, senão Deus, é capaz de perdoar pecados?”. No entanto, Jesus ensinou que a simplicidade é a maneira pela qual Deus atua em nós. Com suas palavras, Jesus não apenas curou o corpo, mas também a alma daquele paralítico. Ele reafirmou que possui o poder na terra para perdoar os pecados. A multidão ficou maravilhada, mas também receosa. Contudo, reconheceram o poder de Deus e, movidos pela fé, glorificaram a Deus, que deu poder aos homens.
Chamado de Mateus
Mateus, também conhecido como Levi nos Evangelhos de Marcos e Lucas, é o mesmo que dá nome a este livro: “O Evangelho segundo Mateus”. Uma alternativa seria “O Evangelho na perspectiva de Mateus”. Mateus era um cobrador de impostos a serviço do governo romano. Sua função era recolher dinheiro dos judeus e repassá-lo ao imperador romano. Por esta razão, ele era desprezado tanto pelo povo quanto pelos fariseus.
Ao se deparar com Mateus em sua estação de coleta, Jesus o convidou com as palavras: “Segue-me”. Mateus atendeu ao chamado, deixou para trás sua vida anterior e decidiu seguir Jesus. Este episódio ilustra o processo de conversão do ser humano. Seguir Jesus é caminhar conforme seus ensinamentos, renunciar ao pecado e viver de acordo com a Palavra, testemunhando sua conversão e glorificando a Deus.
O texto prossegue mostrando Jesus e seus discípulos à mesa com cobradores de impostos e pecadores. Isso escandalizou os fariseus, pois, exceto os discípulos, aqueles homens eram vistos como impuros e indignos de convivência devido a seus hábitos pessoais e profissões de má reputação. Eles eram suspeitos de não seguir as leis e costumes judaicos relacionados à alimentação. Durante o banquete, alguns fariseus que passavam por ali questionaram os discípulos sobre a razão de Jesus comer com pecadores. Jesus, ao ouvir isso, respondeu com propriedade, esclarecendo que são os doentes que precisam de médico. A presença de Jesus simbolizava cura, e não uma associação a zombadores. Jesus até citou as Escrituras (Oséias 6:6) em sua resposta aos fariseus.
Jesus não veio para os que se consideram justos, mas para os pecadores.
Curiosidades:
Cobrador de impostos ou publicano muitas vezes chamado, essa era a função de uma pessoa que trabalhava para o governo romano afim de colher impostos para o imperador. Eram detestados pelos judeus e muitas das vezes envolviam-se em corrupção cobrando das pessoas além do que deveriam. sofriam um grande repúdio da casta religiosa dos fariseus. Mateus, o evangelista, foi publicano e Zaqueu (publicano bastante conhecido por sua corrupção) também chegou a se converter.
Discussão sobre o jejum
Os discípulos de João Batista questionaram Jesus sobre o motivo pelo qual seus discípulos não praticavam o jejum. A resposta de Jesus foi incisiva: o Reino Messiânico havia chegado, inaugurando uma nova era. Enquanto o noivo estiver presente na festa, não é momento de luto, mas sim de celebração. No entanto, quando o noivo for retirado, aí sim, será o momento apropriado para o jejum. Jesus faz alusão à sua morte e ressurreição, indicando o período de jejum até o seu retorno.
O jejum possui relevância em nossas vidas. Jesus não estava desencorajando as pessoas a jejuar; ao contrário, estava elucidando aos discípulos de João que, naquele momento específico, não havia razão para jejuar. Ele usa a metáfora de colocar um remendo novo em uma roupa velha, que acabaria por danificá-la ainda mais, e a analogia entre o odre de vinho novo e o velho. Estas alegorias sinalizam uma nova era, um novo começo, uma reviravolta na história. Representam a chegada do Reino de Deus à Terra por meio do Messias.
Cura de uma mulher e uma menina
O líder de uma sinagoga local, chamado Jairo, implora a Jesus para que ressuscite sua filha, acreditando que ao impor as mãos sobre ela, o milagre ocorreria. Sua fé é evidente, pois, mesmo com o funeral já em andamento em sua casa, Jairo procurou o Salvador. É importante notar que os funerais daquela época eram diferentes dos nossos. Naqueles dias, era costume contratar músicos para a ocasião, o que já estava acontecendo na casa de Jairo. Quando Jesus chegou, pediu que todos se retirassem da casa. Assim que todos saíram, Ele tomou a mão da jovem, e o milagre aconteceu.
No caminho para a casa de Jairo, outro milagre havia ocorrido. Uma mulher, que sofria de um fluxo de sangue contínuo por doze anos, tocou no manto (talit) de Jesus e foi imediatamente curada. Esta mulher, devido à sua condição, estava à margem da sociedade. A lei da época determinava que as mulheres, durante o período menstrual, ficassem isoladas da comunidade. Naquele contexto, e considerando a época em que a lei foi escrita, uma mulher em seu ciclo menstrual ficaria isolada por sete dias. Após esse período, ela poderia retornar à comunidade. A impureza estava no sangue. Dada a ausência de absorventes como conhecemos hoje, acredita-se que a mulher era excluída socialmente devido ao seu fluxo contínuo de sangue. Isso fica evidente pelo fato de ela tentar tocar em Jesus de maneira discreta, por trás. Talvez, vivendo nas sombras para evitar zombaria e rejeição, ela viu em Jesus uma chance de aceitação e inclusão. Sua fé, inquestionavelmente profunda, foi recompensada com a cura.
Cura de dois cegos
No caminho de Jesus, dois cegos, repletos de esperança, buscavam sua cura. Provavelmente, eles já haviam ouvido os rumores sobre os milagres de Jesus pela cidade. Ao perceber a presença de Jesus, começaram a clamar: “Filho de Davi, tem compaixão de nós!”. Jesus, ao se aproximar deles, questionou: “Vocês creem que tenho poder de curá-los?”. Eles responderam que sim, e Jesus, tocando seus olhos, proclamou: “Seja feito conforme a vossa fé”. Imediatamente, a visão de ambos foi restaurada. Eles, então, testemunharam em toda a cidade sobre o milagre que haviam experimentado e isso se tornou um testemunho incrível da obra de Deus.
Agora, imagine essa situação aplicada à nossa vida. Imagine enxergar pela primeira vez, ou recuperar a visão perdida, e o primeiro rosto que você vê é o de Jesus? Certamente, esse momento ficou gravado para sempre na memória daqueles dois homens. Outro ponto crucial é o papel da fé na narrativa. A cura ocorreu de acordo com a fé demonstrada por eles. Se não tivessem acreditado, teriam sido curados? O texto sugere que não. Primeiro, Jesus valida a fé deles ao questionar. Após a confirmação deles, a cura é efetuada conforme sua fé, ilustrando a profundidade do milagre e o poder da crença.
Lembre-se, o milagre acontece quando você crê. A fé é a esperança de termos aquilo que ainda não enxergamos. É a certeza daquilo que se espera, segundo a vontade de Deus.
Fernando Rabello – citação de Hebreus 11
A cura de um endemoninhado mudo
Logo após a saída dos dois cegos da residência de Jesus em Cafarnaum, trouxeram até Ele um homem possuído por um demônio que o impedia de falar. O espírito maligno privava este homem de qualquer forma de comunicação verbal. No entanto, após Jesus expulsar o demônio, o homem recuperou sua capacidade de falar. A multidão, testemunha destes milagres, ficou maravilhada. Mas, como era de se esperar, alguns fariseus, movidos pela inveja, começaram a murmurar entre si: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios”.
Utilizo o termo “inveja” porque realmente acredito que essa era a raiz do sentimento dos fariseus. Jesus não se aliou a eles e, por isso, passou a ser visto como uma ameaça. É importante ressaltar que os fariseus se consideravam os mais piedosos dentre o povo, uma vez que demonstravam um zelo aparente pelas práticas da Lei. Os fariseus se apegavam a detalhes minuciosos da Lei justamente para mostrar aos seus adoradores ou expectadores uma certa aproximação de Deus maior que o restante do povo. Em diversas ocasiões, Jesus os confrontou, deixando-os muitas vezes sem resposta, pois estava claro que eles se concentravam em aspectos exteriores da religião, oferecendo ao povo um ensinamento superficial e vazio. Essa postura explica o porquê de os fariseus estarem sempre observando, à distância, os atos e milagres de Jesus.
Miséria nas multidões
Por toda a cidade de Cafarnaum e vizinhança Jesus a percorria ensinando nas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino, assim como curava todas as enfermidades e expulsava os demônios das pessoas.
As multidões que o seguiam testemunhavam e buscavam aproximação com Jesus trazendo a ele enfermos para serem curados. Como em uma visão panorâmica Jesus viu aquela multidão de pessoas abatidas e cansadas como ovelhas sem pastor e disse aos seus discípulos: “A colheita é grande, mas pouco são os operários! Peça, pois ao Senhor da colheita que envie mais operários para a sua colheita”.
É fácil imaginar aquela multidão, desesperançada e exausta. A realidade de então não é muito diferente da nossa atual. Muitas pessoas, hoje em dia, também se sentem desorientadas, como ovelhas sem pastor, vagando pelo mundo. Nós, como crentes, somos chamados a ser esses trabalhadores na colheita do Senhor. Devemos interceder por essas pessoas, guiando-as ao verdadeiro Pastor: Jesus. Nosso papel é ajudar essas almas a encontrar o caminho da salvação, orando por elas e por todos que enfrentam adversidades. Que nossa busca por Deus não seja apenas por nós mesmos, mas para também auxiliar outros a encontrá-Lo.
Notas de rodapé:
¹O ato de amaldiçoar ou difamar o nome de Deus.
Não é somente um ato cometido contra Deus, mas também um ato difamação, insulto ou injúria contra outras pessoas ou grupos.
Vale lembrar que Jesus será acusado pelo sinédrio por blasfêmia. Dicionário Eerdmans.
Fernando Rabello (11) 9 5489-8507
fernandorabello@estudandoabiblia.org
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