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Sumário
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Título | Estudo Bíblico – Evangelho de Mateus |
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Premissa | Compreender a Bíblia no contexto original judaico. |
Escrito por | Fernando Rabello – fernandorabello@estudandoabiblia.org |
Capítulo 22
Parábola do banquete nupcial
Jesus, como em outras ocasiões, usou uma parábola para instruir, corrigir e prenunciar eventos futuros aos seus ouvintes. A parábola em questão é a do banquete nupcial organizado por um rei para seu filho. Nesta história, o rei representa Deus, enquanto o casamento simboliza o Reino dos Céus.
Inicialmente, o ¹rei enviou convites para os convidados selecionados, mas estes se recusaram a comparecer à festa. Inconformado, o rei enviou outros mensageiros, reiterando o convite e enfatizando que tudo estava preparado. No entanto, os convidados novamente recusaram, alguns até maltrataram os servos do rei. Isto levou o rei a uma ação drástica: ele enviou suas tropas para punir os homicidas e incendiar suas cidades.
Diante da rejeição dos primeiros convidados, o rei decidiu abrir o convite para todos, bons ou maus, enchendo o salão de convidados. Ao chegar à festa, o rei observou um homem que não vestia as roupas apropriadas para o casamento. Questionado pelo rei, o homem permaneceu calado, levando o rei a ordenar que fosse expulso para as trevas exteriores, um lugar de choro e ranger de dentes. A parábola termina com a lição de que “muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”.
Esta parábola não apenas conta uma história, mas também serve como uma alegoria para situações reais em nossas vidas. Ela nos convida a estar sempre alertas e preparados, vestindo as “vestes nupciais” de retidão e pureza, lembrando-nos de que, no casamento espiritual entre o Messias e a Igreja, tanto a noiva quanto o noivo devem se manter incorruptíveis, livres de manchas e pecados.
O tributo a Cesar
No episódio do tributo a César, os fariseus, em sua contínua trama contra Jesus, tentaram enredá-lo em suas próprias palavras. Para isso, enviaram seus discípulos junto com os ²herodianos, com o objetivo de criar uma armadilha. A ideia era induzir Jesus a fazer declarações contra a autoridade romana, o que poderia levar à sua condenação à morte. Os herodianos, sendo partidários do regime de Herodes e, portanto, simpatizantes do domínio romano, serviriam como testemunhas contra Jesus caso ele falasse contra César.
A pergunta feita a Jesus foi cuidadosamente planejada: se era lícito ou não pagar o tributo a César. A resposta de Jesus, no entanto, foi astuta e reveladora. Ele pediu que lhe mostrassem a moeda do tributo e questionou de quem era a imagem e a inscrição nela. Ao responderem que era de César, Jesus declarou: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Essa resposta não só desviou a armadilha, como também deixou seus opositores sem palavras e envergonhados.
Esta passagem revela a complexidade da relação entre os judeus e a autoridade romana. Embora muitos judeus aceitassem a autoridade romana e os benefícios advindos do poder romano, simbolizados pela moeda, Jesus enfatiza que a verdadeira homenagem deve ser prestada a Deus. Ele destaca a necessidade de obedecer às autoridades terrenas, mas sem esquecer a soberania e a autoridade divinas.
A ressureição dos mortos
Um grupo de saduceus, conhecidos por negarem a ressurreição dos mortos, aproximou-se de Jesus com uma questão intrigante. Eles apresentaram a Jesus o caso hipotético de um homem que morre e deixa uma viúva sem filhos. De acordo com a prática judaica, baseada em Deuteronômio 25:5, a viúva deveria casar-se com um irmão do falecido para perpetuar o nome e a linhagem do marido. Os saduceus, então, levantaram a questão: se a mulher se casasse sucessivamente com cada um dos sete irmãos, todos falecidos sem deixar filhos, a quem ela pertenceria na ressurreição?
Esta pergunta visava colocar Jesus em uma posição difícil, pois os saduceus, que se apegavam estritamente à Torá escrita, não encontravam nela a doutrina da ressurreição. Por isso, eles consideravam tal crença irracional.
No entanto, Jesus respondeu de maneira que revelou uma compreensão mais profunda das Escrituras. Ele citou Êxodo 3:6, onde Deus se apresenta como o “Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, enfatizando que Deus é Deus dos vivos, não dos mortos. Com isso, Jesus afirmou a realidade da ressurreição e esclareceu que, na vida ressurreta, as relações terrenas, como o casamento, não se aplicam. Os ressuscitados serão como anjos no céu, vivendo uma existência transformada.
Curiosidades Sobre os Saduceus:
Os saduceus foram um grupo religioso e político notável dentro do judaísmo durante o período do Segundo Templo, que se estendeu aproximadamente do século VI a.C. até a destruição do Templo de Jerusalém no ano 70 d.C. Eles constituíam uma das principais seitas judaicas da época, juntamente com os fariseus e os essênios.
Composta principalmente por membros da elite sacerdotal e aristocrática de Jerusalém, os saduceus tinham uma presença influente no Sanhedrin, o tribunal supremo judaico, e ocupavam posições de destaque no Templo de Jerusalém. Essa posição de prestígio permitia-lhes desempenhar um papel significativo tanto na administração política quanto na religiosa do Templo.
Em termos de crenças religiosas, os saduceus se destacavam por sua interpretação literal e restrita da Torá (Lei de Moisés), rejeitando as tradições orais e interpretações adicionais que os fariseus valorizavam. Eles negavam doutrinas como a ressurreição dos mortos, a existência de anjos e a vida após a morte, diferenciando-se assim dos fariseus.
Os saduceus também eram conhecidos por manterem uma relação mais harmoniosa com as autoridades romanas, priorizando a estabilidade política e social. Essa abordagem contrastava com a dos fariseus, que gozavam de maior popularidade entre as massas.
Com a destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C., os saduceus viram sua base de poder e influência ser extinta, levando ao declínio e eventual desaparecimento da seita nos séculos seguintes. Hoje, nosso conhecimento sobre os saduceus vem principalmente de fontes históricas e textos religiosos judaicos, já que não existem registros ou escritos diretos produzidos pela própria seita.
O maior mandamento
Quando os fariseus ouviram como Jesus havia respondido sabiamente aos saduceus, reuniram-se para testá-lo mais uma vez. Um deles, um especialista na Lei, perguntou a Jesus qual era o maior mandamento. A resposta de Jesus foi não apenas esclarecedora, mas também reveladora de uma compreensão mais profunda da essência da Lei.
Jesus resumiu toda a Lei e os Profetas em dois mandamentos principais, que encapsulam o significado dos Dez Mandamentos dados a Moisés. Ele citou primeiro: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”. Este é o primeiro e maior mandamento, que abrange os primeiros quatro dos Dez Mandamentos, relacionados ao nosso relacionamento com Deus.
Em seguida, Ele acrescentou: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Este segundo mandamento resume os últimos seis dos Dez Mandamentos, que tratam de nosso relacionamento com os outros.
A genialidade da resposta de Jesus reside em sua capacidade de simplificar a complexidade da Lei, destacando o amor a Deus e ao próximo como a verdadeira essência dos mandamentos. Ao fazer isso, Ele não apenas forneceu uma resposta aos fariseus, mas também ofereceu uma orientação eterna sobre como viver uma vida que honra a Deus e respeita os outros.
Os Dez Mandamentos são:
Dez dos mandamentos | Resumo |
---|---|
1. Amar a Deus sobre todas as coisas e não ter outros deuses2. Não fazer ídolos nem imagens para adorar3. Não tomar o nome de Deus em vão4. Descansar no sétimo dia e dedicar esse dia a Deus | } 1° mandamento geral. |
5. Honrar pai e mãe6. Não matar7. Não cometer adultério8. Não furtar9. Não dar falso testemunho contra seu próximo10. Não cobiçar as coisas de seu próximo | } 2° mandamento geral. |
E foi com com esse raciocínio que Jesus concluiu aos fariseus quando estes perguntaram qual era o maior mandamento da Lei.
Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
O Messias, filho e senhor de Davi
Após ter dado uma resposta impactante aos fariseus sobre o maior mandamento, Jesus aproveitou a oportunidade para questioná-los sobre a natureza do Messias. Ele perguntou: “O Messias é filho de quem?” Prontamente, os fariseus responderam que o Messias seria filho de Davi. Jesus, então, apresentou um intrigante dilema, citando o Salmo 110:1, uma passagem onde Davi, sob inspiração divina, refere-se ao Messias como seu Senhor:
“O Senhor Deus disse ao meu senhor, o rei: ‘Sente-se à minha direita, até que eu ponha os seus inimigos debaixo dos seus pés.'”
Jesus questionou: “Se Davi o chama de Senhor, como pode o Messias ser seu filho?” Esta pergunta deixou os fariseus sem resposta, demonstrando a complexidade da identidade messiânica e encerrando qualquer tentativa de questionar Jesus.
Comentários:
O Salmo 110 é uma profecia messiânica que destaca a figura de um rei escolhido por Deus, relacionando-se também com a ordem sacerdotal eterna de Melquisedeque. Este salmo ressalta a dualidade da natureza do Messias: Ele é ao mesmo tempo descendente de Davi e superior a ele. Jesus, ao se referir a este salmo, enfatiza sua identidade divina e humana. Embora Ele seja descendente de Davi na linhagem humana, o caráter divino do Messias o eleva acima de seu ancestral terreno, Davi.
Notas de rodapé:
¹ O convite do rei aos convidados: Era comum, nos tempos antigos, que os reis dessem banquetes e convidassem pessoas de todas as esferas sociais. Para aqueles que não tinham meios financeiros, o rei providenciava trajes apropriados, garantindo que todos pudessem participar dignamente do evento. Na parábola contada por Jesus, destaca-se a figura de um homem que, embora convidado, não estava vestido adequadamente para a ocasião. O rei, percebendo isso, tomou medidas para remover essa pessoa da festa. Este episódio ilustra que, embora muitos sejam convidados, apenas aqueles “vestidos apropriadamente” são verdadeiramente aptos a participar. [Fonte: Comentários Judaico do Novo Testamento – David Stern]
É interessante notar que, na Bíblia, as “vestes” frequentemente simbolizam o modo de vida de uma pessoa. Assim, sempre que se fala em “vestes” nas Escrituras, isso está intrinsecamente ligado ao caráter e às ações do indivíduo. Em um sentido mais amplo, nossas “vestes” representam nosso modo de vida: as ações que realizamos e os valores que vivenciamos, especialmente nos momentos públicos, mas também em nossa intimidade. [Comentário próprio]
²Partidários da casa de Herodes Antipas. Embora formassem principalmente um partido político, possuíam orientação religiosa e se uniram aos fariseus contra os ensinos de Jesus. O nome “herodianos” é composto do nome Herodes e do sufixo familiar ianos. Familiares de Herodes. [Dicionário da Bíblia Eerdmans.] + Fonte: Acesse aqui. Acessado em: 31/05/2023
Fernando Rabello (11) 9 5489-8507
fernandorabello@estudandoabiblia.org
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