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Neste estudo, vamos destacar:

  • O milagre da cura de um cego de nascença, algo inédito no relato bíblico.
  • A investigação religiosa e a pressão social enfrentada pelo homem curado.
  • O contraste entre a fé do simples e a cegueira dos líderes religiosos.
  • Jesus revelando Sua identidade como o Filho de Deus ao homem curado.
  • A declaração de Jesus sobre o juízo: fazer os cegos verem e os que veem se tornarem cegos.

Introdução

O nono capítulo do Evangelho de João nos conduz a uma das narrativas mais ricas em significado espiritual: a cura de um cego de nascença. Mais do que um milagre físico, o relato expõe a verdadeira cegueira que afeta a humanidade — a cegueira espiritual. Neste capítulo, Jesus não apenas concede visão a um homem fisicamente cego, mas também revela a dureza de coração dos que, embora enxerguem fisicamente, recusam-se a ver a verdade diante de seus olhos. João 9 nos convida a refletir sobre nossa própria visão espiritual: estamos enxergando o agir de Deus com olhos humildes, ou nos deixamos cegar pelo orgulho e pela religiosidade?

Tema central:

  • Jesus revela que a verdadeira cegueira não é física, mas espiritual, e que a fé simples e humilde é a chave para enxergar a verdade de Deus.

Principais personagens:

  • Jesus: O Messias que cura, revela, ensina e acolhe os rejeitados.
  • O cego de nascença: Símbolo da necessidade humana de salvação e do poder transformador da fé.
  • Os fariseus: Representantes da cegueira espiritual causada pelo orgulho religioso.
  • Os pais do cego: Personagens que representam o medo social e a pressão religiosa da época.

Lições principais:

  • Deus pode transformar até mesmo os sofrimentos mais antigos em testemunhos vivos de Sua glória.
  • A verdadeira fé se manifesta quando reconhecemos Jesus como o Messias, mesmo sob pressão social e religiosa.
  • A arrogância espiritual é a pior forma de cegueira: impede a pessoa de reconhecer sua necessidade de salvação.
  • As tradições humanas, quando colocadas acima da compaixão e da verdade, cegam e afastam as pessoas de Deus.
  • A rejeição por parte do mundo não é o fim; é a oportunidade de encontrar aceitação em Cristo.
  • O verdadeiro pertencimento não está na aceitação social, mas em ser acolhido por Deus.
  • Jesus é o juiz espiritual: Ele revela quem vê e quem permanece cego diante da verdade.

Principais versículos:

  • João 9:3 — “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.”
  • João 9:5 — “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.”
  • João 9:11 — “O homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos e disse: Vai ao tanque de Siloé e lava-te.”
  • João 9:25 — “Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo.”
  • João 9:31 — “Sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus e faz a sua vontade, a esse ouve.”
  • João 9:35 — “Crês tu no Filho de Deus?”
  • João 9:39 — “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem, vejam; e os que veem, se tornem cegos.”


A Cura do Cego de Nascença (João 9:1-7)

1Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. 2Os seus discípulos lhe perguntaram:

― Rabi, quem pecou, este homem ou os seus pais, para que ele nascesse cego?

3Jesus respondeu:

― Ele não está assim pelos pecados dele nem pelos pecados dos pais, mas para que se manifestasse nele a obra de Deus. 4É necessário realizar as obras daquele que me enviou enquanto é dia. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. 5Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.

6Depois de dizer isso, cuspiu no chão, misturou terra com saliva e colocou‑a nos olhos do cego. 7Então, disse‑lhe:

― Vá lavar‑se no tanque de Siloé — que significa “Enviado”.

O homem foi, lavou‑se e voltou vendo.

Comentário:

Frequentemente o pensamento de quem morava no Oriente Médio era este: “que o infortúnio (má sorte; adversidade, infelicidade) humana era o resultado de pecado. Se “má sorte”, “sofrimento”, ou “adversidade” se materializava com uma doença, atrelava-se ao pecado dos pais ou família”. O livro de Jó combate essa má compreensão das pessoas de atribuir os infortúnios da vida ao pecado, pois nem sempre tem relação uma coisa com a outra. Se na época de Jó o pensamento era esse, imagine no tempo de Jesus, a pergunta que os discípulos fazem são exemplos do cenário em questão. O cego de nascença teve a infelicidade de nascer com essa deformação e, Jesus, teve a felicidade de operar o milagre de cura neste homem sem atrelar ao cego qualquer culpa. Não se ouve de Jesus qualquer menção de “vá e não peques mais […]”.

O Messias tem um propósito maior, trabalhar enquanto é dia para que as obras de Deus sejam manifestas no mundo. O cego passou toda a sua vida esperando pela cura, e sua perseverança encontrou resposta no tempo perfeito de Deus. O milagre da cura foi um testemunho incrível ao povo que testemunhou Jesus cuspir ao chão e fazer lama, e com a lama, untar os olhos daquele homem cego seguida da ordem de se lavar no tanque que se chamava Siloé. Essa ida ao tanque se lavar carrega diversos significados, o mais importante dele é que o significado do seu nome é “enviado”, que se pegarmos a frase dita por Jesus por completa ficaria dessa forma: “vá se lavar no tanque de água do enviado”. Se alguém pudesse compreender naquele momento que o enviado era o próprio Messias, acredito que muitos infortúnios seriam evitados.

O tanque de Siloé (enviado) era utilizado para diversas práticas religiosas, uma delas acontecia na festa de Tabernáculo, onde os sacerdotes derramavam água do tanque de Siloé no altar, simbolizando a oração por chuvas e a dependência de Deus para a provisão agrícola. Este tanque marca o final do túnel de Ezequias, construído cerca de 700 anos antes. O que antes fora utilizado como provisão de água para uma cidade inteira em tempos de guerra, Jesus inaugura uma nova era ao povo, onde há luz e a fonte de água viva se faz presente no mundo.

A cura do cego de nascença revela que nem todo sofrimento humano é punição por pecado, mas muitas vezes é palco para que as obras de Deus se manifestem. Jesus, o Enviado, oferece luz e vida onde havia trevas e desespero. Como aquele homem, somos convidados a crer, a obedecer, e a nos lavar nas águas vivas que fluem do Messias. Somos chamados a reconhecer o Enviado e nos lavar na fonte que Ele oferece, a fonte da vida eterna.


Reação dos Vizinhos e a Investigação dos Fariseus (João 9:8-17)

8Os seus vizinhos e os que anteriormente o tinham visto mendigando perguntaram:

― Não é este o mesmo homem que costumava ficar sentado mendigando? 9Alguns afirmavam que era ele.

Outros diziam:

― Não, apenas se parece com ele.

Contudo, ele próprio insistia:

― Sou eu.

10― Então, como foram abertos os seus olhos? — interrogaram‑no.

11Ele respondeu:

― O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou‑a nos meus olhos e me disse que fosse lavar‑me em Siloé. Fui, lavei‑me e agora vejo.

12― Onde está esse homem? — perguntaram.

― Não sei — disse.

Os fariseus investigam a cura

13Então, levaram aos fariseus o homem que fora cego. 14Era sábado o dia em que Jesus havia misturado terra com saliva e aberto os olhos daquele homem. 15Os fariseus também lhe perguntaram como ele recuperara a visão. O homem respondeu:

― Ele colocou uma mistura de terra e saliva nos meus olhos, eu me lavei e agora vejo.

16Alguns dos fariseus disseram:

― Esse homem não é de Deus, pois não guarda o sábado.

Outros, porém, perguntavam:

― Como pode um pecador fazer tais sinais milagrosos?

Assim, houve divisão entre eles.

17Tornaram, pois, a perguntar ao cego:

― Que diz você a respeito dele? Foram os seus olhos que ele abriu.

O homem respondeu:

― Ele é um profeta.

Comentário:

Os fariseus, grupo religioso influente da época, recusavam-se a reconhecer que os sinais e milagres realizados por Jesus eram manifestações do poder divino. Com corações endurecidos e olhos voltados apenas para as práticas religiosas exteriores, eles rejeitavam os sinais de Deus que estavam acontecendo diante deles. Um exemplo claro dessa cegueira espiritual é visto na forma como os fariseus trataram o milagre da cura do cego de nascença. Suas interpretações legalistas do sábado impediam enxergar situações que outras pessoas sem viés religioso enxergariam facilmente um milagre e não uma obra maligna. Na cultura farisaica, construir e amassar são umas dos 39 tipos de obras proibidos no shabat de acordo com o Talmude Mishná Shabat 7:2 e 24:3. Fazer barro, como Jesus fez, mesmo que em proporções menores como a de um cuspe, era considerado pelos fariseus como errado em dia de shabat, pois o barro é um material de construção e isso imputava proibição.

Essas regras, chamadas de Halachá, eram fundamentadas em tradições orais e puramente humanas. Jesus, na maioria das vezes em que foi acusado de violar tais regras combatia com argumentações sobre olhar cuidadosamente as Escrituras e ver que nela o propósito é vida e não morte, salvação e não condenação. Jesus advertiu por diversas vezes de que a tradição não é maior que o mandamento, que o que todos fazem, mesmo que em sentido incerto não valida o que é errado conforme as Escrituras. Faço questão de mencionar as vezes em que Jesus advertiu os religiosos sobre suas ordens puramente humanas invalidando a própria Palavra que a Verdade.

Versículos em que Jesus advertiu os fariseus sobre suas tradições humanas:

Mateus 15:3

“Jesus, porém, respondeu-lhes: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?”

Mateus 15:6

“Assim invalidastes a palavra de Deus por causa da vossa tradição.”

Contexto: Eles anulavam o mandamento de honrar pai e mãe com o argumento do “corbã”, uma tradição humana que permitia se esquivar da responsabilidade.

Mateus 23:23-24

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e desprezais o mais importante da lei: o juízo, a misericórdia e a fé. […] Guias cegos, que coais um mosquito e engolis um camelo!”

Contexto: Jesus denuncia que eles davam atenção exagerada aos detalhes da tradição, mas negligenciavam os princípios essenciais da Torá.

Marcos 7:8

“Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens, como o lavar dos jarros e dos copos, e fazeis muitas outras coisas semelhantes a essas.”

Marcos 7:13

“Invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós transmitistes. E muitas coisas semelhantes fazeis.”

Esse é um dos textos mais claros: Jesus acusa os fariseus de anularem a Escritura em favor da tradição oral, Halachá.

Lucas 11:42

“Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de toda sorte de hortaliças, mas desprezais a justiça e o amor de Deus. Importava fazer estas coisas, sem omitir aquelas.”

Mateus 12:11-12

“Ele lhes respondeu: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha e num sábado ela cair numa cova, não irá apanhá-la e tirá-la de lá? Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer o bem nos sábados.”

Contexto: Jesus denuncia a incoerência deles: salvavam animais no sábado, mas criticavam a cura de um ser humano.

Lucas 13:15-16

“Respondeu-lhes, porém, o Senhor: Hipócritas! No sábado, não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi ou o seu jumento, para levá-lo a beber água? Ora, não devia ser libertada desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?”

Contexto: Os religiosos se preocupavam com o cuidado dos animais no sábado, mas não se alegravam com a libertação de uma mulher.

Lucas 14:5

“A que lhes respondeu: Qual de vós, tendo um filho ou um boi que caia num poço, não o tirará logo, ainda que seja em dia de sábado?”

Contexto: Jesus reforça o valor da vida humana sobre qualquer tradição legalista.

Tabela contendo as advertências de Jesus sobre as tradições humana vs a Bíblia.

Tradição dos fariseusMandamento de DeusCorreção de Jesus
Anular o mandamento de honrar pai e mãe em nome da oferta ao templo (“corbã”) (Mateus 15:3-6)Honrar pai e mãe (Êxodo 20:12)“Invalidastes a palavra de Deus por causa da vossa tradição.”
Ênfase exagerada em detalhes externos como dízimos de ervas (Mateus 23:23)Justiça, misericórdia e fé“Importava fazer estas coisas, sem omitir aquelas.”
Tradições de purificação externa (lavagem de mãos, jarros, copos) (Marcos 7:8)Obediência interior e moral à lei de Deus“Deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens.”
Invenções humanas que obscureciam o amor e a justiça de Deus (Lucas 11:42)Amar a Deus e ao próximo“Desprezais a justiça e o amor de Deus.”
Proibição rígida de qualquer ação no sábado, mesmo para o bem (Mateus 12:11-12; Lucas 13:15-16; Lucas 14:5)O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado (Êxodo 20:8-11 + Marcos 2:27)É lícito fazer o bem no sábado; o valor da vida humana excede a observância cega das tradições.

Esses exemplos mostram que a verdadeira obediência a Deus não está em regras humanas, mas em viver segundo o espírito da Palavra.

Cuidado com a religiosidade, observe os sinais:

  1. Os religiosos criam regras adicionais que, no fundo, anulam o espírito da Lei de Deus.
  2. Tornam a fé uma questão de aparência exterior, sem transformação interior.
  3. Escondem a justiça, a misericórdia e a verdadeira comunhão com Deus.

A cura do cego – a esperança que devemos desenvolver

Aquele homem vivia há anos mendigando pela cidade pois era cego, não poderia se sustentar ou trabalhar. Estava à margem da sociedade, margem na qual os fariseus mantinham distância. Após o cego ter sido curado por Jesus, seus vizinhos e conhecidos ficaram surpresos e levaram-no aos fariseus para uma investigação. Os fariseus, porém, não estavam dispostos a acreditar no milagre. Primeiro, questionaram o homem que tinha sido curado, duvidando que ele realmente tivesse sido cego. Quando o homem insistiu que havia nascido cego e agora podia ver, eles chamaram seus pais para depor, na esperança de encontrar uma inconsistência na história. Mesmo após os pais confirmarem que ele tinha nascido cego, os fariseus se recusaram a aceitar o milagre.

E cabe-nos dizer este clássico clichê: Pior do que nascer cego é aquele que tendo visão não enxergar.


Interrogatório dos Pais do Homem (João 9:18-23)

18Os judeus não acreditaram que ele fora cego e havia sido curado enquanto não mandaram buscar os seus pais. 19Então, perguntaram:

― Este é o filho de vocês, que vocês dizem ter nascido cego? Como ele pode ver agora?

20Os pais responderam:

― Sabemos que ele é o nosso filho e que nasceu cego, 21mas não sabemos como ele pode ver agora ou quem lhe abriu os olhos. Perguntem a ele, pois já tem idade e pode falar por si mesmo.

22Os pais dele disseram isso porque tinham medo dos judeus, pois estes já haviam decidido que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga. 23Foi por isso que os pais dele disseram: “Ele já tem idade e pode falar por si mesmo”.

Comentário:

David Stern, comentando o contexto judaico do Novo Testamento, destaca que no judaísmo há três formas principais de excomunhão (ostracismo), embora nenhuma delas seja amplamente praticada. Faremos uma análise entre elas:

  1. N´zifah – Repreensão: A forma mais leve. Podia ser declarada por uma única pessoa e normalmente durava sete dias. Representava uma forte advertência pública, mas sem cortar os laços sociais.
  2. Niddui – Disciplina/Rejeição: De gravidade intermediária, geralmente requeria a decisão de três autoridades e durava trinta dias. Impunha um distanciamento físico — os outros deveriam permanecer cerca de dois metros da pessoa excomungada.
  3. Cherem – Expulsão: A forma mais severa. Tratava-se da expulsão por tempo indefinido da comunidade. Uma pessoa sob cherem era tratada como um morto: sem relações sociais, sem contato, muitas vezes impossibilitada de participar da vida civil e religiosa. O Talmude registra os efeitos do cherem em Moéd Katan 16a-17a, N’darim 17b e Pesachim 52a.

Diante desse pano de fundo, compreendemos porque os pais do homem curado estavam tão temerosos. Para uma família pobre, que permitiu que seu filho mendigasse, ser expulso da sinagoga teria sido um baita problema. Por isso o motivo de a família insistir de que o próprio filho testemunhasse sobre a cura recebida sendo ele maior de idade. Essa atitude, embora pareça evasiva, revela a pressão social que o ostracismo religioso exercia naqueles dias.


O Segundo Interrogatório do Homem Curado (João 9:24-34)

24Pela segunda vez, chamaram o homem que fora cego e lhe disseram:

― Para a glória de Deus, diga a verdade. Sabemos que esse homem é pecador.

25Ele respondeu:

― Não sei se ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!

26Então, lhe perguntaram:

― O que ele fez a você? Como abriu os seus olhos?

27Ele respondeu:

― Eu já disse, e vocês não me deram ouvidos. Por que querem ouvir outra vez? Acaso também querem ser discípulos dele?

28Então, eles o insultaram e disseram:

― Discípulo dele é você! Nós somos discípulos de Moisés! 29Sabemos que Deus falou a Moisés, mas, quanto a esse, nem sabemos de onde vem.

30O homem respondeu:

― Ora, isso é surpreendente! Vocês não sabem de onde ele vem, contudo ele me abriu os olhos. 31Sabemos que Deus não ouve pecadores, mas a quem o teme e pratica a sua vontade. 32Ninguém jamais ouviu que os olhos de um cego de nascença tivessem sido abertos. 33Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer coisa alguma.

34Diante disso, eles responderam:

― Você nasceu cheio de pecado; como tem a ousadia de nos ensinar?

E o expulsaram.

Comentário:

Não satisfeitos com o depoimento inicial do homem que havia sido curado da cegueira, os fariseus o chamaram novamente para um segundo interrogatório, na esperança de encontrar alguma contradição ou forçá-lo a mudar sua história. Com uma tática de pressão, eles exigiram que o homem falasse “a verdade” sob juramento, lembrando-o de que, se mentisse, estaria jurando diante de Deus, não apenas dos homens. No entanto, o homem curado manteve seu testemunho com firmeza. Ele deu glória a Deus, reiterando que foi Jesus, o Messias, quem o curou. Ao perceber a teimosia dos fariseus, que se recusavam a aceitar o milagre, o homem curado os confrontou com uma pergunta ousada e inesperada: se eles eram tão zelosos em afirmar que eram discípulos de Moisés, por que não entendiam o que estava acontecendo? Ele insinuou que, como conhecedores das Escrituras, os fariseus deveriam reconhecer as obras do Messias, conforme profetizado.

A resposta do homem foi um golpe na arrogância dos fariseus. Eles, que se consideravam os maiores intelectuais e guardiões da Lei, demonstravam uma cegueira espiritual ao não reconhecerem o cumprimento das profecias messiânicas em Jesus. A falta de humildade dos fariseus os levou a rejeitar a verdade que estava bem diante deles. Essa arrogância intelectual e espiritual os impediu de verem a obra de Deus e os fez perder a oportunidade de conhecer o verdadeiro Messias.

Assim, o sermão inesperado do homem curado expôs a dureza de coração dos fariseus e serviu como um testemunho da fé simples, que reconhece a ação de Deus, enquanto a arrogância daqueles que se achavam sábios os cegou para a verdade.


Jesus Encontra o Homem Curado (João 9:35-41)

35Jesus ouviu que haviam expulsado o homem e, ao encontrá‑lo, disse:

― Você crê no Filho do homem?

36O homem perguntou:

― Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia?

37Jesus disse:

― Você já o viu. É aquele que está falando com você.

38Então, o homem disse:

― Senhor, eu creio.

E o adorou.

39Jesus disse:

― Eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e os que veem se tornem cegos.

40Alguns fariseus que estavam com ele ouviram‑no dizer isso e perguntaram:

― Acaso nós também somos cegos?

41Jesus disse:

― Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado, mas, agora que dizem que podem ver, a culpa de vocês permanece.

Comentário:

Após o homem que foi curado da cegueira ser expulso da sinagoga, Jesus foi ao seu encontro. Sabendo que o homem havia sido rejeitado pela comunidade religiosa, Jesus lhe oferece algo muito maior do que a aceitação social: a revelação do Messias. Quando Jesus perguntou se ele acreditava no Filho de Deus, o homem, com um coração aberto e sincero, respondeu que desejava conhecer e crer no Messias. Jesus então revela sua identidade, dizendo que o Messias estava agora falando com Ele. Ao perceber que estava diante do próprio Messias, o homem se prostrou em adoração a Jesus, demonstrando uma fé genuína. Esta fé, que reconhece e adora Jesus como o Messias, é a fé que salva.

Jesus veio ao mundo para fazer com que os que não enxergam (aqueles que reconhecem sua necessidade espiritual) possam ver, e os que enxergam (aqueles que se consideram espiritualmente completos, como os fariseus se sentiam) se tornem cegos. Ele explica que, se os fariseus fossem como o homem cego de nascença, com uma humildade que reconhece sua própria necessidade, não seriam culpados de pecado. Mas, como eles alegam enxergar e continuam na sua arrogância e rejeição da verdade, o pecado permanece neles. Compare este trecho com Jeremias 2:35.

você diz: ‘Sou inocente; ele não está irado comigo’. Mas eu entrarei em juízo contra você porque você diz: ‘Eu não pequei’.

Jeremias 2:35.

Os fariseus, que se consideravam os guias espirituais de Israel, eram, na verdade, cegos para a principal verdade de Deus revelada em Jesus. Por outro lado, o homem que era fisicamente cego não apenas ganhou sua visão física, mas também teve seus olhos espirituais abertos para reconhecer e crer no Salvador.

Aquele homem, que antes era esquecido pela comunidade por ser cego, agora é expulso da sociedade porque enxerga, mas isso não o torna indesejável para Deus. Pelo contrário, para Deus, ele é precioso.

Enquanto o mundo o rejeita, o céu o acolhe. Enquanto a religião o expulsa, o Messias o recebe. E assim, ele encontra não apenas a visão, mas o verdadeiro pertencimento: a comunhão com Deus.


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