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O Obelisco Negro: quando a arqueologia retratou o rei Jeú diante de um império

Por séculos, os reis de Israel pareciam viver apenas nas páginas sagradas da Escritura. Mas, em 1846, sob as ruínas de Nínive (Iraque), arqueólogos encontraram um monumento que mudaria para sempre a relação entre fé e história, uma pedra escura, coberta de figuras e inscrições, onde o nome de um rei de Israel aparece diante de um governante estrangeiro.

Essa descoberta ficou conhecida como “O Obelisco Negro de Salmanasar III”, e é uma das provas mais claras de que a Bíblia fala de personagens reais, que caminharam em um mundo político repleto de guerras, conquistas e expansões territoriais.

Ao observar as cenas gravadas na pedra, temos a sensação de que a pedra fala por si. Em uma das faixas esculpidas, um homem se prostra diante do rei assírio. Acima, os escribas registraram seu nome: “Jeú, filho de Onri” , o mesmo Jeú que a Bíblia descreve em 2 Reis 9–10, ungido por Deus para destruir a casa de Acabe.

A pedra, silenciosa, repete o que os profetas anunciaram há quase três mil anos.

O artefato

  1. Nome: Obelisco Negro de Salmanasar III
  2. Data: Aproximadamente 841 a.C.
  3. Local de Descoberta: Nimrud (antiga Calá), no norte do atual Iraque
  4. Descoberto por: Austen Henry Layard, em 1846
  5. Material: Calcário negro, com cerca de 2 metros de altura
  6. Inscrições: Textos em cuneiforme acádio e cinco painéis esculpidos em relevo
  7. Local que se encontra: Museu Britânico, Londres.

O monumento celebra as campanhas militares do rei assírio Salmanasar III, que governou de 858 a 824 a.C. Cada lado do obelisco mostra povos diferentes trazendo tributos ao poderoso império: os de Damasco, de Hamat, de Gurgum e, surpreendentemente, os israelitas.

Além dos israelitas, em toda pedra contém outros povos que entregaram tributos ao rei Assírio. 1Ao todo, são cinco portadores de tributo em cinco fileiras: 1. O tributo a Gilzanu (Noroeste do Irã) inclui cavalos; 2. Casa de Omri (Antigo Israel – tributo do rei bíblico Jeú 841 a.C); 3. Musri, ou tributo do Egito ou presente de elefante, macaco e outros animais exóticos; 4. Suhi no Eufrates, cena de caça de animais; 5. Pátina no sul da Turquia.

Obelisco Negro de Salmanasar III

O Obelisco e sua mensagem visual

  • No centro-esquerda, vemos Salmanasar III de pé, segurando o cetro real e recebendo o tributo.
  • À frente dele, ajoelhado com o rosto ao chão, está Jeú, fazendo um gesto de submissão (prostração total).
  • Atrás de Jeú, há oficiais israelitas trazendo presentes e utensílios sagrados.
  • Acima dos dois reis, aparece o símbolo alado do deus Assur, o emblema divino do império assírio, legitimando a cena como um “ato sagrado” de domínio imperial.

Na segunda faixa, de cima para baixo, está a cena que mais fascina os estudiosos: Jeú ou seu emissário, ajoelhado diante do rei assírio, oferecendo tributos como ouro, prata e vasos sagrados.

A inscrição em cuneiforme acádio, logo acima da cena, diz:

“Tributo de Jeú, filho de Onri. Recebi dele prata, ouro, um vaso de ouro, uma taça de ouro, baldes de ouro, estanho, um cetro de rei e lanças.”

Obelisco de Salmanasar III

As setas indicam os personagens da imagem.

Contexto bíblico e histórico

Jeú reinou em Israel (reino do Norte) por cerca de 28 anos (841–814 a.C.), conforme 2 Reis 10:36. Nesse período, havia três potências envolvidas:

  1. Israel: sob o rei Jeú (depois de matar Jorão, filho de Acabe).
  2. Judá: governado por Acazias (de Judá) e depois Atalia.
  3. Síria: (Aram-Damasco) governada por Hazael, o grande inimigo de Israel.

O império assírio (sob Salmanasar III) começava a se expandir para o oeste e interferir diretamente nas guerras regionais, o que explica por que Jeú aparece tributando Salmanasar. A Bíblia não descreve o tributo de Jeú a Salmanasar III, mas é provável que ele o tenha feito logo após assumir o trono, buscando apoio político diante da ameaça síria. Jeú precisava garantir parceria política e militar diante do avanço da Síria (Hazael), então, em de enfrentá-lo sozinho, submeteu-se à Assíria, enorme potência que se expandia rapidamente.

Jeú foi um rei ousado, violento e impulsivo, levantado por Deus para pôr fim à dinastia de Acabe, rei de Israel.

A Bíblia relata que o profeta Eliseu enviou um jovem mensageiro para ungi-lo como rei e cumprir o juízo divino sobre a casa de Acabe e Jezabel:

“Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre o povo do Senhor, sobre Israel. Ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue o sangue dos meus servos os profetas”

2 Reis 9: 6-7

2Antes de Jeú, os profetas Elias e Eliseu já haviam profetizado juízo sobre a Síria e sobre a casa de Acabe, rei de Israel.

Seu reinado, porém, oscilou entre a obediência parcial, ímpeto humano, excesso de violência e a aliança política.

O obelisco mostra Jeú curvado diante de Salmanasar, o que indica que ele se submeteu à Assíria em troca de proteção contra os sírios de Damasco que à época eram grandes inimigos. Assim, o monumento materializa o cenário de tensão geopolítica descrito nas Escrituras.

O verdadeiro aprendizado da Bíblia

O Obelisco Negro fala mais do que história; ele revela o contraste entre o poder humano e o governo divino. Jeú foi ungido por Deus, mas terminou confiando em alianças terrenas. A pedra eterniza um momento de aparente glória, um rei ajoelhado diante de outro, mas espiritualmente simboliza a fragilidade da fé quando ela busca segurança fora do Senhor.

Em cada camada esculpida, o monumento exalta os impérios da Terra; porém, com o passar dos séculos, só o Reino de Deus permanece. As pedras que registravam o poder de Salmanasar hoje são testemunhas silenciosas de que “os reinos deste mundo passam, mas a Palavra do Senhor permanece para sempre.”

Desta forma, todas estas expressões humanas que resistem ao tempo nos deixa um lembrete de que a Bíblia não é mito, é história viva. Os nomes que lemos nas Escrituras existiram, reinaram e deixaram rastros nas pedras e na memória humana.

A história nos mostra que até o ungido pode se ajoelhar diante dos poderes errados. Por isso, devemos estar na presença gloriosa de Deus, unidos com Jesus, nosso Senhor e Salvador.

Se há quem podemos recorrer em toda e qualquer circunstâncias, seu nome se chama: Jesus de Nazaré.

“Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.” Isaías 26:4

As pedras clamam, e o Obelisco Negro avisa que a fé não se curva diante dos impérios.

Entre pedras e impérios, o que permanece é o caráter de Deus. E cada camada de história parece sussurrar a mesma verdade: que o poder humano se curva diante da soberania divina.

Para conhecer mais sobre arqueologia

O Obelisco Negro de Salmanasar pode ser visitado online (site aqui) ou se preferir ir presencialmente, no Brasil há uma replica no museu do MAB (site aqui).

Recentemente estivemos no museu do MAB que fica no interior de São Paulo, na cidade de Engenheiro Coelho. Compartilho algumas fotos que tiramos lá.

Fotos do museu do MAB

Fotos tiradas no museu MAB de arqueologia bíblica.

Apresentação multimidia

  • Assista à apresentação visual criada com apoio do Notebook LM, que traz a história do Obelisco Negro em formato de narrativa visual.
  • Em seguida, ouça o debate em formato de podcast sobre o mesmo tema, disponível abaixo via Spotify.

Apresentação em vídeo

Apresentação criada com apoio do Notebook LM, ferramenta de IA usada para transformar o conteúdo do estudo em vídeo.

Debate em formato de Podcast

Ouça também o debate completo em formato de podcast, onde aprofundamos as conexões entre fé, arqueologia e Bíblia.

https://open.spotify.com/episode/5M9cGKEP27QjnQThU987NY?si=d2qStI09SLWk8a0ubeXo7w

Notas

1 Fonte:obelisk | British Museum

2 Fonte: Elias: Ungir Hazael como rei da Síria e Jeú como rei de Israel (1 Reis 19:15–17). Eliseu: Confirma a unção de Hazael e de Jeú (2 Reis 8:7–15; 9:1–10).

Museu britânico: obelisk | British Museum (British Museum, Object W 1848.1104.1 – Obelisk of Shalmaneser III)

Museu de arqueologia do MAB: MAB – UNASP – Museu de Arqueologia Bíblica


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