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Sumário
ToggleNeste estudo, vamos destacar:
- Jesus, a videira verdadeira, e o Pai como o agricultor.
- O chamado à permanência para uma vida frutífera.
- O amor como mandamento central do discipulado.
- A rejeição do mundo aos que seguem a verdade.
- A promessa do Espírito da Verdade como testemunha ativa.
- Citação do Talmude babilônico sobre o ódio de alguns religiosos no tempo de Jesus.
Introdução
O capítulo 15 de João é uma das falas mais intensas de Jesus antes de sua prisão. Ele revela aos discípulos a natureza do relacionamento que devem manter com Ele, usando a imagem da videira e dos ramos. Jesus fala de permanência, de obediência e de frutificação como marcas da verdadeira fé. Além disso, prepara seus seguidores para a rejeição do mundo, deixando claro que o caminho do discípulo passa pelo confronto com a cultura das trevas. Jesus afirma que não nos deixará órfãos: Ele promete o Espírito da Verdade, que dará força e coragem para o testemunho.
Tema central:
- Permanecer em Jesus, amar como Ele amou e testemunhar com a ajuda do Espírito da Verdade, mesmo diante da rejeição do mundo.
Principais personagens:
- Jesus (a videira verdadeira)
- Deus Pai (o agricultor)
- Os discípulos (os ramos e testemunhas)
- O Espírito Santo (o Consolador enviado pelo Pai)
- O mundo (aqueles que rejeitam a verdade)
Lições principais:
- A frutificação é resultado direto da permanência em Jesus. O fruto é natural.
- A poda de Deus não é castigo, mas cuidado para que possamos dar mais frutos.
- O amor verdadeiro é medido pelo padrão de Jesus, não pelo sentimento humano.
- O mundo odeia o que não compreende e o que confronta seus valores.
- O Espírito Santo não apenas consola, mas testifica e capacita o discípulo.
- O testemunho fiel é feito em parceria com o Espírito.
- Ser discípulo é ser luz e sal, mesmo quando o ambiente é hostil.
Principais versículos:
- 15:1 — “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.”
- 15:5 — “Sem mim vocês não podem fazer coisa alguma.”
- 15:8 — “Meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos.”
- 15:12 — “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei.”
- 15:13 — “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.”
- 15:18 — “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes me odiou.”
- 15:26 — “Quando vier o Consolador que eu enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele testemunhará a meu respeito.”
Resumo principal
Neste capítulo, Jesus se apresenta como a videira verdadeira e nos chama a permanecer nele para darmos frutos que glorificam a Deus. Ele revela o mandamento central do Reino: amar uns aos outros como Ele nos amou. Também alerta que o mundo rejeitará seus discípulos, assim como o rejeitou. Ainda assim, promete enviar o Espírito da Verdade para consolar, capacitar e testemunhar. O chamado é claro: permanecer em Jesus, amar com sinceridade e viver guiados pelo Espírito, mesmo diante do ódio do mundo.
Comentário em áudio
A Videira Verdadeira e os Ramos (João 15:1-8)
1― Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o agricultor. 2Ele corta todo ramo que, estando em mim, não der fruto. E poda todo aquele que der fruto, para que dê mais fruto ainda. 3Vocês já estão limpos, pela palavra que tenho falado. 4Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Como um ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim vocês também não podem dar fruto se não permanecerem em mim.
5― Eu sou a videira, e vocês, os ramos. Se alguém permanecer em mim, e eu permanecer nele, esse dará muito fruto, pois sem mim vocês não podem fazer nada. 6Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados. 7Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e será concedido. 😯 meu Pai é glorificado pelo fato de vocês darem muito fruto; e assim serão meus discípulos.
Comentário:
Jesus inicia este trecho com uma das declarações mais significativas do Evangelho: “Eu sou a videira verdadeira”. Essa imagem é carregada de propósito e ensino. No Antigo Testamento, Israel era frequentemente comparado a uma videira¹. Agora, Jesus se apresenta como a fonte real da vida que vem de Deus, o único canal legítimo pelo qual os discípulos podem frutificar.
O Pai é o agricultor. Ele cuida de cada ramo, corta os que não frutificam e poda os que produzem para que gerem ainda mais fruto. Esse processo nos mostra que mesmo aqueles que estão dando frutos passarão por fases de correção e limpeza. A poda pode parecer desconfortável, mas é sinal de que há vida e propósito em andamento.
O fruto é o sinal visível de uma vida em obediência. Não se trata de religiosidade nem de esforço próprio, mas de resultado da permanência em Jesus. Quando um discípulo está verdadeiramente unido ao Messias, seus pensamentos, atitudes e decisões revelam a transformação que vem do Espírito de Deus. A fé que não produz fruto precisa ser revista, pois a videira verdadeira espera ramos vivos e frutíferos.
A palavra central desta passagem é “permanecer”. Jesus repete isso diversas vezes, chamando os seus discípulos a uma comunhão constante. Não basta conhecer ou falar sobre Jesus, é necessário viver unido a ele todos os dias. Estar com Jesus não é um evento, é um estilo de vida. Fora dele, nada podemos realizar que tenha valor eterno.
Jesus também ensina que, quando suas palavras permanecem em nós, nossas orações se alinham com a vontade do Pai. Isso não significa que receberemos tudo o que pedimos de forma egoísta, mas que, ao estarmos em sintonia com a Palavra, nossos pedidos refletem o que glorifica a Deus.
Dar frutos é glorificar ao Pai. É isso que mostra que somos discípulos de verdade. Por isso, a vida cristã não pode ser estagnada. Se não há frutos visíveis, há algo errado na conexão. Deus espera de seus filhos uma vida que reflita o caráter do Messias. Permanecer em Jesus é o único caminho para isso.
Notas:
¹ – Confira as menções sobre a videira que é Israel comparadas a Jesus: Isaías 5:1-7; 27:2-6; Jeremias 2:21; 12:10; Ezequiel 17:5-6; Oseias 10:1; Joel 1:7; Salmo 80:8-16; Parábolas de Jesus: Mateus 21:33-43; Marcos 12:1-12; Lucas 20:9-19.
O Mandamento do Amor (João 15:9-17)
9― Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. 10Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos do meu Pai e permaneço no amor dele. 11Tenho dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa. 12O meu mandamento é este: Amem uns aos outros como eu os amei. 13Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida pelos seus amigos. 14Vocês são meus amigos se fizerem o que eu ordeno. 15Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o senhor. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi do meu Pai tornei conhecido a vocês. 16Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi e designei para que vão e deem fruto, um fruto que permaneça, a fim de que o Pai dê a vocês o que pedirem em meu nome. 17Este é o meu mandamento a vocês: Amem uns aos outros.
Comentário:
O amor de Deus é o fundamento de tudo. Esse amor, que já existia antes de todas as coisas, foi revelado a nós por meio de Jesus. Ele não apenas falou sobre o amor, mas viveu esse amor em cada gesto, em cada palavra, em cada entrega. Assim como o Pai amou o Filho, o Filho nos amou, e nos convida a permanecer nesse amor.
Permanecer no amor de Jesus significa obedecer aos seus mandamentos. E seu mandamento é simples e ao mesmo tempo exigente: amar uns aos outros assim como Ele nos amou. Essa medida de amor é elevada. É o tipo de amor que se entrega, que serve, que perdoa e que busca o bem do outro mesmo quando isso custa algo a nós.
Jesus eleva o relacionamento com os discípulos ao chamá-los de amigos. Essa mudança de linguagem mostra intimidade, confiança e parceria. Amigos verdadeiros compartilham tudo. E Jesus compartilhou conosco a vontade do Pai, revelando seu plano e oferecendo comunhão. Ele não exige uma devoção cega, mas propõe uma amizade viva e ativa, construída sobre obediência, conhecimento e amor.
Ele afirma que não fomos nós que o escolhemos, mas Ele quem nos escolheu e nos designou para darmos fruto. Isso nos dá propósito. Fomos chamados para frutificar, e esses frutos são resultado da obediência e do amor. Frutos que não se limitam a boas intenções, mas se manifestam em ações práticas: cuidado, generosidade, perdão, compaixão e justiça.
Se em algum momento nos sentirmos incapazes de amar como Ele nos amou, ou de frutificar como Ele nos chamou, temos a orientação de pedir ao Pai em nome de Jesus. Essa oração, feita a partir de um coração submisso, não será ignorada. O Pai deseja nos capacitar a viver como verdadeiros discípulos de seu Filho.
Jesus finaliza reforçando que o centro da caminhada cristã é este: “Amem-se uns aos outros”. Esse mandamento é o resumo da fé que se torna visível no dia a dia. É o selo da amizade com o Messias.
O Ódio do Mundo (João 15:18-25)
18― Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. 19Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. No entanto, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi dentre o mundo; por isso, o mundo os odeia. 20Lembrem‑se das palavras que eu disse: “Nenhum escravo é maior do que o seu senhor”. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês. 21Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou. 22Se eu não tivesse vindo e falado a eles, não seriam culpados de pecado. Agora, contudo, eles não têm desculpa para o seu pecado. 23Aquele que me odeia também odeia o meu Pai. 24Se eu não tivesse realizado no meio deles obras que ninguém mais fez, não seriam culpados de pecado; agora, porém, eles as viram e odiaram tanto a mim quanto ao meu Pai. 25Mas isso aconteceu para se cumprir o que está escrito na lei deles: “Odiaram‑me sem razão”.
Comentário:
Jesus não escondeu dos seus discípulos a realidade que enfrentariam. Ele os preparou para a rejeição e o ódio que o mundo demonstraria contra eles. Assim como o mundo odiou o Messias, também odiaria todos os que decidissem segui-lo. A fidelidade a Jesus nos coloca em confronto com os valores deste mundo, e essa tensão será sentida onde quer que estivermos.
Ser discípulo em um mundo marcado pelo pecado é um chamado para uma vida contra-cultural. Em certos ambientes, falar de Jesus é motivo de oposição. A simples presença de alguém que carrega a luz de Cristo incomoda as trevas. O mundo valoriza padrões e comportamentos que se opõem à verdade, e quem busca viver essa verdade será, muitas vezes, mal compreendido ou até silenciado.
Jesus deixa claro que o mundo ama o que é seu. Quando alguém se encaixa nos moldes e práticas do sistema mundano, não há resistência. Mas quando a vida de um discípulo reflete os ensinamentos do Messias, a diferença é notada. Essa diferença é uma denúncia contra as obras más, e por isso gera ódio.
A rejeição que Jesus enfrentou não foi por falta de obras, mas exatamente porque suas obras revelaram quem Ele era. Seus milagres, palavras e autoridade expuseram a dureza de coração dos que o ouviram, mas não quiseram se render à verdade. O mesmo acontece com seus discípulos: o testemunho fiel incomoda aqueles que preferem viver longe da luz. E essa foi a mensagem que Jesus expôs àqueles que o odiavam, pois quem odiava Jesus não rejeitava apenas sua pessoa, mas odiava também o Pai que o enviou.
David Stern comenta o que judeus escreveram sobre o ódio sem causa ocorrido após a destruição do segundo Templo no Talmude Babilônico²:
“Por que foi destruído o Segundo Templo, se naquela geração se ocupavam com a Torá, com os mandamentos e com atos de caridade?” A resposta é direta: “Porque ali prevaleceu o ódio sem causa.”
Talmude Yoma 9b.
Nossa missão, porém, não muda. Mesmo diante da rejeição, somos chamados a ser luz e sal. Isso significa refletir o caráter de Deus em cada lugar que pisarmos. O amor que vem do Pai é nossa força para continuar, mesmo quando não somos aceitos. Somos enviados como mensageiros da luz, não para sermos aplaudidos, mas para manifestar a glória de Deus em meio à escuridão.
Nota:
² – O trecho citado está registrado no Talmude Babilônico, tratado Yoma 9b. O Talmude é uma compilação de debates e ensinamentos rabínicos sobre a Lei e a vida religiosa judaica. Embora sua redação final tenha ocorrido entre os séculos IV e V d.C., o conteúdo preserva tradições orais que começaram a ser organizadas pouco depois da destruição do Segundo Templo, em 70 d.C. A reflexão de que o Templo caiu por causa do “ódio sem causa” mostra como, mesmo com a prática da Torá, mandamentos e caridade, a ausência de amor verdadeiro entre o povo foi vista como uma falha grave diante de Deus.
O Testemunho do Espírito Santo e dos Discípulos (João 15:26-27)
26― Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito, 27e vocês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio.
Comentário:
A promessa do Espírito da Verdade é uma das maiores garantias deixadas por Jesus aos seus discípulos. Ele afirma que, ao retornar ao Pai, enviaria o Consolador, que viria da parte de Deus para testificar sobre o Messias. Essa promessa não apenas se cumpriu em Atos 2, com o derramamento do Espírito, mas continua ativa até hoje, alcançando aqueles que creem.
Mesmo antes do Pentecostes (Shavuôt), o Espírito já agia. Estava com Jesus, capacitando-o em sua missão, e também com os discípulos, preparando-os para o dia em que seriam cheios de poder para anunciar o Evangelho. A presença do Espírito não é um força, símbolo ou conceito, mas uma realidade viva e presente na vida daqueles que pertencem ao Messias.
Jesus deixa claro que o Espírito Santo testemunha sobre Ele. Mas não faz isso sozinho: os discípulos também são chamados a testemunhar, pois estiveram com Ele desde o início. O testemunho é visível, gera frutos, o Espírito age em nós e por meio de nós. É Ele quem nos revela quem é Jesus e nos fortalece para anunciar essa verdade com ousadia e amor.
Quem experimenta a presença do Espírito é transformado. Essa transformação não é momentânea, mas contínua. O Espírito Santo molda o caráter, purifica intenções, fortalece a fé e guia os passos. Quando abrimos o coração e clamamos por sua presença, Ele nos enche com poder e nos faz refletir a imagem do Messias.
A Bíblia descreve claramente os frutos dessa presença em Gálatas 5:22-26:
Entretanto, o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e os seus desejos. Já que vivemos no Espírito, andemos também pelo Espírito. Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros.
Gálatas 5:22-26.
Estudando a Bíblia
Tanach & Brit Hadashá
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